Recostada na velha cadeira de balanço, naquela tarde fria do início de inverno, olho para minhas mãos apoiadas no espaldar e percebo quanto o tempo já passou! Tenho nas veias saltadas e a pele sem mais viço da juventude. Viajo nos tempos da mocidade distante que se faz presente e sinto meus dedos deslizarem sobre as ondas de seus cabelos, pulando as vagas emaranhadas dos fios sedosos que cobriam nosso amor. Caminhando ao seu lado, pés descalços sobre a branca areia da praia do Hermenegildo de Santa Vitória do Palmar, buscávamos encontrar conchinhas e juntar mariscos nos espaços ôcos da superfície do mar. Adultos jovens, éramos duas crianças felizes, usufruindo vida plena. Desafiávamo-nos a ver quem pegava os mariscos maiores, que eram mais fáceis de limpar. Nossas mãos a ferramenta singular, ele levava vantagem. Quanta saudade, quantas lembranças, quantas e quantas perdas...
Hoje, em planos distintos, continuo a viajar no "Cruzeiro das Recordações" e desfruto, alimentada nas lembranças, o sonho de felicidade do nosso encontro venturosoe na esperança, se Deus permitir, de tornar a encontrá-lo.
Estou no ocaso, a noite não tarda... Seja bem vinda.
Participação de Yara Cava no 4º Sarau Poético Musical.
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